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Foto: Fabrício Cardoso.
A Estação do Cordel, localizada no bairro Cidade Alta, em Natal, recebe o lançamento do livro “Saberes e Conhecimentos Ancestrais” na próxima quinta-feira (02), às 16h. Organizada pelo pajé Pitotó Awadju, da etnia Tupi-Guarani e Tupinambá, e editado por Pará Poty Marangatu, a obra é uma coletânea que reúne vozes indígenas de diversas regiões do Brasil, proporcionando uma imersão nos saberes e tradições ancestrais. Entre os autores que contribuíram para a escrita está o potiguar Preciawá Porãngueté, representante da Etnia Tapuia/Karaxuwanassú.
A obra, após lançamento em São Paulo, está simultaneamente sendo lançada em diferentes estados do Brasil. De acordo com o artista indígena Preciawá Porãngueté, o livro corresponde a uma lógica ancestral de coletividade. Ele compartilhou à Agência Saiba Mais sobre os pontos abordados por ele na obra.“Sou um desses artistas indígenas em contexto urbano que estou sendo homenageado no livro, a partir da minha escrita”, conta. “Os capítulos que eu escrevi se tratam de uma autobiografia, além de impressões poéticas e opiniões sobre questões relacionadas à política e à questão social”, ressalta.
Na escrita da obra, o artista fala ainda sobre ser indígena em contexto urbano e a relação de parentesco com a etnia Karaxuwanassú. “Eu aponto, no livro, questões de Antropologia, Sociologia e ao universo do indígena em contexto urbano. Eu evidencio isso: a questão do processo de retomada ancestral e também essa minha etnia que está respaldada atualmente no estado de Pernambuco, que é a etnia Karaxuwanassú. Apesar de eu ter nascido no Rio Grande do Norte”, explica.
Os textos de Porãngueté na obra, que contam com autobiografía poética, trazem também tópicos relacionados à ancestralidade, ao contexto contemporâneo dos povos indígenas, bem como questões ideológicas e sociais. “Eu abordo algumas questões que são mundiais, como exemplo as estratégias de como romper com os domínios que o capitalismo nos impõe”, narra o artista. “Falo também sobre a infância, trago mensagens importantes relacionadas à história do Brasil, os relatos da minha história”.
Outro ponto abordado por Porãngueté na obra fala sobre artistas indígenas: a musicalidade, a desigualdade e o racismo na indústria cultural. A ideia também foi motivada pelo escritor ser multiartista.
“Eu trafego dentro do mundo do cinema, da literatura, da poesia, da música, do teatro e também das artes plásticas. E dentro desse universo, tudo na verdade surgiu do artesanato, onde eu iniciei. Na adolescência, entro no universo do teatro, a música… e as coisas vão até chegar no cinema”.
Entre as obras mais recentes no audiovisual produzidas pelo artista, estão o videoclipe “Velho Chico”, com participação da Nação Pindorama, e o filme “Ciência da Jurema Sagrada – Ervas Medicinais”, do qual Porãngueté é diretor.
O livro “Saberes e Conhecimentos Ancestrais” é patrocinado pela Lei Paulo Gustavo, Ministério da Cultura e Governo do Estado de São Paulo, em parceria com a Rede Pindorama.
Sobre o artista potiguar
Preciawá Porãngueté torna-se artista para além de sua comunidade tradicional e religiosa da Jurema e do Candomblé, sendo artista indígena em contexto urbano. Por meio de políticas públicas de inclusão se insere em projetos sociais que transformou contextos periféricos em potências artísticas, obras musicais, visuais e escritas.
Trabalhou como vendedor de roupas, costureiro e cozinheiro, antes de protagonizar sua carreira na cultura. Estudou Ciência da Religião na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN).
Como ativista dos movimentos sociais, está em constante diálogo com redes, lideranças e movimentos de construção da política do bem viver na sociedade.
Cantor e compositor, se descobre produtor cultural e cria suas primeiras obras, unindo música e audiovisual e sendo idealizador do Festival Pindorama Reis Kanindé, projeto contemplado na FUNCARTE em 2022 e 2023.
Passou pela cidade de Olinda, em Pernambuco, onde trabalhou como arte educador na Fundação Casa da Criança. Também em Olinda, foi premiado pela FUNDARPE e pela Secretaria de Cultura de Olinda com o prêmio Conecta arte, realizando o vídeo clipe Velho Chico, além do Projeto Toré do Coco Catimbozado premiado pela Fundação José Augusto unindo, artistas Pernambucanos ,Baianos e Potiguares.
É artista atuante no estado de Pernambuco integrando a programação do Festival Canavial juntamente com o Grupo Patrimônio Imaterial de PE Caboclo Sete Flexa de Goiana e também artista participante idealizador do projeto Macumba Baile aprovado na FUNCARTE, por duas vezes consecutivo candidato a Rei do Carnaval de Natal 2023 e 2024.
Atua como artista e produtor no Ponto de Memória Estação do Cordel, personalidade do Coco da Jurema, do Frevo e do Samba. Atualmente é delegado Nacional da 4° Conferência Nacional de Cultura, representando o estado do RN. Participou do Festival de Amostra Queer LGBTQIAPN no estado de São Paulo, como também integrante da programação do Festival Internacional Amazoniza-te com a música Amazonas.
Serviço
O quê: Lançamento do livro “Saberes e Conhecimentos Ancestrais”;
Quando: 02 de maio de 2024, quinta-feira, às 16h;
Onde: A Estação do Cordel – Rua João Pessoa, 58, Cidade Alta, Natal.