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Fala de Lula sobre Israel e Holocausto agrada Sul global, mas é errada e ele deveria pedir desculpas, diz Ian Bremmer

Foto: Getty Images

 

As críticas do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, a Israel — cuja ofensiva em Gaza ele comparou com o Holocausto nazista — ecoam os sentimentos que muitas pessoas nos países mais pobres do mundo têm contra Israel. E essa controvérsia pode ser conveniente para Lula em sua tentativa de liderar o Sul global.

A afirmação acima é feita por Ian Bremmer, influente cientista político americano e fundador da consultoria de risco Eurasia.

“Lula brigando com Israel provavelmente é algo conveniente para a forma como ele é percebido no Sul global, porque a maior parte do Sul global também se opõe a Israel”, disse Bremmer em entrevista à BBC News Brasil.

No entanto, o cientista político americano acredita que a comparação com o Holocausto foi descabida, e que Lula deveria pedir desculpas.

“É um grande exagero. Hitler tentou exterminar os judeus. Milhões de judeus foram mortos, o que é obviamente muito diferente do que está acontecendo em Gaza, embora estejamos todos muito preocupados com as mortes de civis que estão acontecendo em Gaza”, disse Bremmer.

Para ele, o Brasil sequer é visto como um grande líder no global do Sul — papel que é hoje da Índia, na sua opinião.

“O Brasil não é uma potência de segurança global. Não tem nenhuma relevância nisso”, diz ele.

Bremmer conversou com a BBC News Brasil como parte de uma entrevista sobre o aniversário de dois anos da guerra na Ucrânia. A invasão russa começou no dia 22 de fevereiro de 2022.

A empresa de Bremmer, a Eurasia, está presente em dezenas de países no mundo — inclusive no Brasil — e produz relatórios sobre riscos de países para clientes dos setores público e privado.

Para ele, o mundo hoje é um lugar mais inseguro, justamente por causa do conflito. A guerra na Ucrânia está expondo fraquezas importantes da aliança militar Otan — que é a união mais poderosa do mundo.

Além disso, o conflito entre dois grandes produtores de commodities aumentou a insegurança alimentar no Sul global.

Apesar de enxergar um aumento da insegurança mundial, ele discorda fortemente de historiadores e políticos que hoje em dia usam expressões como “Segunda Guerra Fria” ou “Terceira Guerra Mundial” — que ele considera sensacionalistas.

Ele também discorda de quem coloca a China no grupo de países anti-Ocidente. Para ele, Rússia, Coreia do Norte e Irã são Estados párias e agentes do caos, que querem criar insegurança para minar a força dos Estados Unidos e da Europa no mundo e gerar um vácuo de poder.

Já a China, na sua opinião, é um país que não tem nenhum interesse em um conflito mais acirrado com os Estados Unidos. Pelo contrário, chineses e americanos têm mostrado que ambos estão interessados em gerir as relações internacionais de forma harmoniosa.

 

Fonte:  BBC

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