Physical Address
304 North Cardinal St.
Dorchester Center, MA 02124
Physical Address
304 North Cardinal St.
Dorchester Center, MA 02124
Foto: Reprodução
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cobrou nesta terça-feira (24) ações contra mudanças climáticas em meio às queimadas que atingem o Brasil.
Segundo ele, o mundo está “condenado à interdependência das mudanças climáticas”, portanto, é preciso enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta.
“O planeta já não espera para cobrar da próxima geração e está farto de acordos climáticos que não são cumpridos”, afirmou Lula. “Está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas e do auxílio financeiro aos países pobres que nunca chega”, prosseguiu.
O presidente também narrou o panorama de eventos climáticos atípicos em diferentes territórios do globo e, especialmente, no Brasil. Diante disso, afirmou que reconhece ser preciso “fazer mais”.
“O negacionismo sucumbe ante às evidências do aquecimento global. Dois mil e vinte e quatro caminha para ser o ano mais quente da história moderna. Furacões no Caribe, tufões na Ásia, seca e inundações na África, e chuvas torrenciais na Europa deixam um rastro de morte e destruição”, pontou Lula.
“No Sul do Brasil, tivemos a maior enchente desde 1941. A Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos. Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto. O meu governo não terceiriza a responsabilidade e nem abdica da sua soberania. Já fizemos muito, mas sabemos que é preciso fazer muito mais”, exclamou.
O presidente brasileiro ainda elencou as ações que têm sido tomadas pelo seu governo para combater crimes ambientais.
“Além de enfrentar o desafio da crise climática, lutamos contra quem lucra com a degradação ambiental. Não transigiremos com ilícitos ambientais, com o garimpo ilegal e como o crime organizado”, justificou.
“Reduzimos o desmatamento na Amazônia em 50% no último ano e vamos erradicá-lo até 2030. Não é mais admissível pensar em soluções para as florestas tropicais sem ouvir os povos indígenas, comunidades tradicionais e todos aqueles que vivem nela”, emendou.
Lula acrescentou que o Brasil é um dos países com matriz energética mais limpa do mundo e que está na vanguarda, por exemplo, na produção do hidrogênio verde.
“Nossa visão de desenvolvimento sustentável está alicerçada no potencial da bioeconomia. O Brasil sediará a COP30 em 2025 convicto de que o multilateralismo é o único caminho para superar a urgência climática. Nossa Contribuição Nacionalmente Determinada, a NDC, será apresentada ainda este ano, em linha com o objetivo de limitar o aumento da temperatura do planeta a um grau e meio”, adiantou.
“O Brasil desponta como celeiro de oportunidade deste mundo revolucionado pela transição energética. Somos, hoje, o país com a matriz energética mais limpa do mundo”, complementou.
Para justificar a fala, Lula citou que 90% da energia elétrica do país provêm de fontes renováveis como a biomassa, a hidrelétrica, a solar e a eólica. E que o Brasil optou pelos biocombustíveis há 50 anos, antes mesmo que a discussão sobre energias alternativas ganhasse força.
Nesse contexto, o presidente afirmou que é necessário “enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descarbonização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis”.
O petista deu as declarações durante discurso na 79ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. Por tradição, o presidente do Brasil é o primeiro chefe de Estado a discursar no evento.
O governo brasileiro tem sido criticado diante do enfrentamento às queimadas no país. Em 2024, o Brasil sofreu com cheia histórica no Rio Grande do Sul e vive a maior seca registrada desde 1950.
Como antecipou o blog do Valdo Cruz, Lula subiu o tom sobre mudanças urgentes na agenda climática, porque o cenário mais grave chegou mais cedo do que se previa e atingiu em cheio o Brasil (leia mais abaixo).
Diante disso, o presidente brasileiro voltou a repetir que nada será feito enquanto os organismos multilaterais, como a ONU, continuarem nas mãos de poucos países.