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RN tem mais de 74% da população com sobrepeso ou obesidade

Foto: Adriano Abreu

 

Dados do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (Sisvan) do Ministério da Saúde apontam que, em 2024, apenas 24,11% da população adulta do Rio Grande do Norte vive com o peso ideal para a idade e altura, enquanto 74,2% está em sobrepeso ou obesidade. Os números de pessoas acima do peso no estado são maiores do que a média da região Nordeste (67,66%) e do Brasil (69,17%) e preocupam especialistas que alertam para a necessidade de buscar manter hábitos saudáveis e adequar a gordura corporal.

De acordo com Beatriz Mendonça, nutricionista clínica pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), mesmo que a obesidade não esteja associada a alterações em taxas como colesterol, ainda assim o número deve ser observado com cuidado. “A obesidade em si é uma doença inflamatória, então seu corpo vai estar completamente inflamado e com isso você terá outros problemas, como cansaço, indisposição, e dores nas articulações”, explica.

A definição de obesidade e sobrepeso é trabalhada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a partir de um cálculo da divisão do peso do indivíduo pela estatura, em metros, ao quadrado. Se o resultado for inferior a 18,5kg/m2, significa que o indivíduo está abaixo do peso ideal. No caso de estar entre 18,5 até 24,9kg/m2, o peso está adequado.

Já os cenários de quem está acima do peso são divididos em quatro fases: sobrepeso, obesidade grau I, obesidade grau II e obesidade grau III. No resultado de 25 até 29,9kg/m2, significa que o paciente está com sobrepeso, primeiro sinal de alerta. A entrada na obesidade chega com o IMC de 30 até 34,9kg/m2, seguido por 35 até 39,9kg/m2 na obesidade grau II e acima de 40kg/m2 chega a obesidade grau III. Quanto maior o grau, maior a chance de existir doenças associadas e um prejuízo à saúde.

Apesar desse ser um cálculo comum em uma observação inicial, ele não deverá ser o principal levado em consideração, principalmente para quem está habituado com a prática de exercícios físicos. Para Beatriz Mendonça, a análise da composição corporal, a partir de exames de bioimpedância, dobras cutâneas e medidas são mais relevantes para definir um quadro de obesidade.

“Você vai saber o momento exato de entrar no emagrecimento quando isso começa a incomodar. Você começa a não ficar feliz com seu corpo, percebe o surgimento de doenças, porque a obesidade também pode trazer isso, e também a parte psicológica”, considera a nutricionista.
Esse foi o cenário de Jânio Galvão, 29, que sempre lutou contra a balança, mas diante de uma rotina acelerada na vida de empreendedor, em 2022 alcançou o maior peso de toda sua vida: 142kg. Associado a isso, durante os exames de rotina descobriu a existência de gordura no fígado, e esse foi o pontapé que ele precisava para dar início ao processo de mudança.

“Cada um tem sua rotina, mas muitas vezes nos priorizamos outras coisas e esquecemos de cuidar de nós. Quando eu coloquei isso como prioridade, meu tempo organizacional foi totalmente mudado em prol disso”, afirma. No início do processo sem a ajuda de especialistas, Jânio ficou cerca de três meses tentando ter resultados, mas não conseguiu e decidiu procurar ajuda.
Aliando o acompanhamento de um educador físico com um nutricionista, Jânio eliminou cerca de 48kg em gordura corporal e aponta melhoras não somente na saúde, mas também na autoestima atrelado aos resultados estéticos. Hoje, ele usa as redes sociais e mostra recortes da rotina para incentivar outras pessoas a buscarem um estilo de vida mais saudável.

Apesar de os preceitos básicos da alimentação ser um padrão, como a ingestão de vitaminas e a importância da hidratação, a nutricionista Beatriz Mendonça relembra que a caminhada do emagrecimento não será o mesmo para todos, e para isso a necessidade de existir um acompanhamento individualizado.

“Não é uma receita de bolo. Restrições excessivas geram compulsão, geram vontade de comer excessivamente, por isso a importância de ajustar as quantidades e manter alimentos que o paciente goste. Isso facilita a adesão ao plano alimentar”, explica.

No caso de Anne Karoline, 24, a obesidade apareceu após o diagnóstico de hipotireoidismo durante a gestação de seu filho, Cauã. Nesse período, foram 24kg a mais na balança, acompanhado do susto com o maior aumento de peso já vivenciado por Anne. Mesmo com a rotina incluindo os estudos e um estágio, foi assim que ela decidiu que era hora de mudar.

“Durante minha vida sempre perdia e ganhava peso, nunca conseguia focar de fato no objetivo do emagrecimento, mas após a maternidade estou conseguindo me adaptar a rotina e estou fazendo com que seja realmente o meu estilo de vida”, explica. Para isso, ela conta com toda uma rede de apoio que a auxilia e explica que frequenta a academia logo no primeiro horário da manhã enquanto Cauã segue dormindo.

Durante este um ano, Anne eliminou 15kg e segue na busca de diminuir o peso na balança. “Eu escolhi viver uma vida mais saudável para estar bem e conseguir aguentar a rotina de mãe que já é uma demanda puxadíssima, e também não desistir de sonhos que eu já tinha antes de me tornar mãe”, afirma.

A obesidade é conhecida pelo Ministério da Saúde como um problema de saúde pública e é fator de risco para outras enfermidades, como: doenças cardiovasculares, diabetes, hipertensão e alguns tipos de câncer.

 

Fonte: Tribuna do Norte

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