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Morre Jean-Marie Le Pen, líder histórico da extrema direita na França

Foto: Jean-Claude Delmas/AFP

 

Jean-Marie Le Pen, um líder histórico da extrema direita na França, morreu aos 96 anos nesta terça-feira (7), afirmou a família à agência de notícias France Presse (AFP). Jean-Marie é pai de Marine Le Pen, principal nome da extrema direita na política francesa atualmente.

Ele estava internado em uma casa de repouso há várias semanas devido à sua saúde debilitada e morreu ao meio-dia (8h no horário de Brasília) “cercado por sua família”, afirmou a família em nota à AFP.

Polarizador e abertamente racista, Jean-Marie Le Pen era uma figura controversa na política francesa. Ele também era tinha ideais extremistas em outros temas, como gênero e imigração. Ele concorreu cinco vezes à Presidência da França, todas sem sucesso. A última delas foi em 2007.

Le Pen fundou em 1972 a Frente Nacional, atual Reunião Nacional (RN), um partido que inicialmente reunia neofascistas e depois foi se moderando. O RN, no entanto, permanece sendo o principal da extrema direita na França e ainda carrega alguns de seus ideais, como o caráter anti-imigração.

Jean-Marie acumulou condenações na Justiça em casos de antissemitismo e era constantemente acusado de xenofobia e racismo. Em um dos casos, ele foi condenado e multado em 1990 por contestar crimes de guerra dos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial ao dizer que as câmaras de gás, utilizadas para matar judeus, eram “apenas um detalhe” da história do conflito. O comentário provocou indignação na França.

Jean-Marie era negacionista da tragédia humanitária ocorrida na 2ª Guerra Mundial, o que o levou a condenações e tensionou suas alianças políticas. Seu negacionismo o fez ser expulso do Reunião Nacional por sua filha, Marine, em 2015. O político comandou o partido até 2011.

Sua expulsão do RN, que ocorreu por ele ter dito que mantém suas declarações sobre o Holocausto, causou um “racha” na família. Jean-Marie acusou Marine de traição e disse ter vergonha que a presidente do partido levasse seu nome.

Mais recentemente, Jean-Marie e outros membros do Reunião Nacional, como Marine Le Pen e sua outra filha, Yann, foram acusados de usar dinheiro destinado a assistentes parlamentares da União Europeia para pagar funcionários que, em vez disso, realizavam trabalho político para o partido entre 2004 e 2016, uma violação às regras regulamentos do bloco. Jean-Marie foi considerado inapto para testemunhar.

Marine, no entanto, foi julgada em 2024 e sua sentença no caso está programada para ser anunciada em 31 de março. Os promotores pediram cinco anos de prisão para ela e a suspensão de seus direitos políticos por cinco anos, o que pode comprometer suas ambições de concorrer novamente à presidência, em 2026.

A morte de Jean-Marie ocorreu enquanto Marine Le Pen está em viagem ao território francês de Mayotte, que ainda sofre as consequências do ciclone Chido, que matou 39 pessoas e deixou um rastro de destruição.

O presidente francês Emmanuel Macron, um centrista, expressou “suas condolências à família e aos amigos (de Le Pen)”, em uma declaração curta, diferentemente do usual, emitida pelo palácio presidencial.

“Uma figura histórica da extrema direita, ele desempenhou um papel na vida pública de nosso país por quase 70 anos, o que agora é uma questão para a história julgar”, disse Macron na declaração.

O atual presidente do Reunião Nacional, Jordan Bardella, lamentou a morte de Jean-Marie. “Engajado sob o uniforme do exército francês na Indochina e na Argélia, tribuno do povo na Assembleia Nacional e no Parlamento Europeu, ele sempre serviu à França, defendeu sua identidade e sua soberania”, escreveu Bardella em publicação no X.

 

Fonte: G1

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