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Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo
A Polícia Federal apontou que o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, mantinha expectativas de que um golpe de Estado poderia ocorrer mesmo depois da viagem do ex-mandatário aos Estados Unidos. Em uma mensagem do dia 31 de dezembro de 2022, quando Bolsonaro e o próprio Cid já estavam na Flórida, o ex-ajudante de ordens escreveu em letras maiúsculas que “a guerra não acabou”, “pela nossa liberdade vai valer a pena” e “vamos vencer!”.
O texto foi enviado a um militar apontado pela PF como “arrecadador” de recursos para acampamentos golpistas montados na frente dos quarteis. Cid tentava transmitir “ânimo” ao militar, pedindo que ele não “esmorecesse”. Por fim, ele ainda reconhecia que estava se colocando em risco. Cid firmou um acordo de colaboração premiada com a PF e forneceu informações que auxiliaram as investigações. Ele foi um dos 37 indiciados.
“Sei que minha cabeça está a prêmio… sei que posso ser preso…mas pela nossa liberdade vai valer a pena! Ainda não terminou… Não estamos fazendo mais pelo PR e sim pelo Brasil… pelos nossos filhos e netos (…) Passe ânimo para o nosso pessoal! Não deixe esmorecer! Não é pelo Pr é pelo BRASIL! VAMOS VENCER!”, diz a mensagem.
A PF ressalta que Cid não se refere ao que fizeram, “mas sim ao que ‘estamos fazendo’”, o que indica, segundo as investigações, uma ação que ainda estava em curso no último dia do ano. Naquele período, o então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva já havia sido diplomado e estava prestes a subir a rampa do Palácio do Planalto. Cid e Bolsonaro, por sua vez, já estavam em solo americano, onde ficariam até março de 2023.
As mensagens de Cid constam no inquérito sobre a trama golpista. O caso foi tornado público pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, relator da investigação na Corte.
Os investigadores localizaram no computador de Cid um plano para viabilizar uma eventual fuga de Bolsonaro do país. A trama não precisou ser posta em prática, já que o ex-presidente decolou para os Estados Unidos no avião presidencial em 30 de dezembro de 2022. Segundo a PF, ele foi ao exterior para evitar uma “possível prisão” e esperar o “desfecho dos atos golpistas de 8 de janeiro”.
Ao seu interlocutor, Cid tentou justificar o motivo de Bolsonaro não ter assinado o decreto de golpe, que, segundo a PF, previa a convocação de novas eleições e a prisão de autoridades.
“Esses últimos meses vão ficar marcados na história! A guerra não acabou! A GUERRA NÃO ACABOU! A história não se escreve em dias… muitas vezes uma página nos livros de história são meses e até anos! O Pr decidiu baseado em todos os assessoramentos que ele tinha… seja dos mais conservadores até os mais radicais”, escreveu o tenente-coronel.
Fonte: O Globo