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Foto: Reuters
Um norte-coreano atravessou a pé a fronteira fortemente militarizada que divide a península da Coreia na madrugada desta terça-feira (20), afirmou Seul.
A deserção em si não é inusitada —depois do início da guerra entre os dois países, que tecnicamente estão em um cessar-fogo desde 1953, milhares de pessoas fugiram da Coreia do Norte para a Coreia do Sul. A maior parte delas, porém, passa pela China.
Neste caso, o desertor atravessou a DMZ (Zona Desmilitarizada, na sigla em inglês), que, apesar do nome, é uma das fronteiras mais militarizadas do mundo. A faixa de terra de 4 quilômetros de largura por 248 km de comprimento, que demarca a linha divisória entre os dois Estados, tem cercas elétricas, campos minados e muros antitanques.
O Exército sul-coreano disse que deteve um “indivíduo norte-coreano suspeito” na frente leste e o entregou às autoridades competentes. Trata-se da segunda deserção na fronteira da península da Coreia em apenas duas semanas. Em 8 de agosto, outro norte-coreano conseguiu atravessar a fronteira marítima a oeste, no mar Amarelo.
Segundo a agência de notícias sul-coreana Yonhap, ele era um primeiro-sargento que recebeu orientações de militares do Sul durante a fuga. A imprensa local afirma que o soldado, com roupas militares, foi localizado caminhando por uma estrada perto do mar na província de Goseong.
Os dois casos acontecem em um dos momentos mais tensos na relação entre os dois países. Desde maio, o Norte enviou milhares de balões com lixo para o Sul. Segundo Pyongyang, a medida foi tomada em represália a ativistas que enviam infláveis com dólares e propaganda sul-coreana para a Coreia do Norte.
O número de fugas caiu consideravelmente a partir de 2020, quando o Norte fechou as fronteiras para combater a pandemia de Covid-19. Depois da flexibilização dos controles fronteiriços em 2023, porém, o número de desertores que entraram na Coreia do Sul quase triplicou no ano passado, chegando a 196 pessoas, anunciou Seul em janeiro.
Desde que foi instituída, a DMZ foi palco de uma guerra ideológica nos muitos momentos de tensão entre os países. Em alguns períodos, alto-falantes bombardeavam soldados rivais dia e noite com canções de propaganda no local, e cartazes exortavam os militares a desertar para um “paraíso do povo” no Norte ou para o Sul “livre e democrático”.
Fonte: Folha de São Paulo