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Foto: Reuters/Samir Aponte
Um relatório divulgado nesta terça-feira (6) mostra que pelo menos 24 pessoas foram mortas na Venezuela em protestos contra a reeleição do presidente Nicolás Maduro. O número foi atualizado pela ONG de direitos humanos Provea, segundo a agência France-Presse.
“Os registros (…) indicam 24 pessoas falecidas entre domingo, 28 de julho, e segunda-feira, 5 de agosto, em eventos e protestos relacionados às eleições”, diz o relatório da ONG, que inclui a morte de um militar, além dos civis.
Maduro foi proclamado pela autoridade eleitoral como presidente reeleito para um terceiro mandato de seis anos com 52% dos votos, ante 43% do opositor Edmundo González, representante da líder María Corina Machado, que denuncia uma fraude na eleição.
Horas após o primeiro boletim, eclodiram manifestações em Caracas, capital do país, e em outras cidades, incluindo bairros pobres que historicamente se identificavam como chavistas.
O balanço divulgado nesta terça coincide com um relatório fornecido pela diretora da Divisão das Américas da Human Rights Watch, Juanita Goebertus, informou a agência. Há uma semana, os registros apontavam 12 mortes em protestos.
As mobilizações diminuíram quase instantaneamente em meio à repressão e detenções arbitrárias denunciadas por ativistas. A imprensa informou sobre a morte de manifestantes que chegaram feridos a centros de saúde.
Maduro relatou duas mortes de militares, sem mencionar vítimas civis. Também afirmou que há mais de 2.200 pessoas detidas, a quem chama de “terroristas” e que vincula a um plano para derrubá-lo.
O presidente disse que está preparando duas prisões de alta segurança para transferir esses detidos.
A líder da oposição María Corina Machado, que denuncia a existência de uma “campanha do terror” por parte do governo, convocou para quinta-feira (8) uma vigília “pela liberdade dos presos políticos”. Não está claro se ela comparecerá.
Embora tenha participado de uma grande concentração oposicionista no sábado (3), ela continua escondida por temer pela sua vida. González, por sua vez, não é visto em público há uma semana.
O Ministério Público abriu uma investigação contra ambos por “incitação à insurreição” e outros crimes, como conspiração, após publicarem uma carta aberta aos militares e policiais na qual defendiam a vitória da oposição nas eleições e pediam que se colocassem “ao lado do povo”.
A Força Armada da Venezuela, em resposta, reiterou nesta terça-feira sua “absoluta lealdade” a Maduro e qualificou esses pedidos de apoio como “desesperados”, segundo um comunicado lido mais cedo pelo ministro da Defesa, general Vladimir Padrino.
“Esses fúteis e irracionais buscam fragmentar nossa unidade e institucionalidade, mas jamais o conseguirão”, destacou Padrino, acompanhado pelo alto comando militar e policial. Na semana passada, Maduro pediu prisão para Machado e González Urrutia.
A União Europeia, que questionou a vitória de Maduro, assim como os Estados Unidos e vários países da América Latina, pediu o fim do que considera uma “campanha de intimidação judicial”. Brasil, Colômbia e México estão promovendo um acordo político na Venezuela visando superar a crise.
Além das armas, os militares controlam empresas de mineração, petróleo e distribuição de alimentos, bem como as alfândegas e 12 dos 34 ministérios, incluindo pastas importantes como Petróleo, Energia, Defesa, Relações Interiores e Comércio.
A oposição e especialistas denunciam redes de corrupção que enriqueceram muitos oficiais.
O futuro da eleição depende, por enquanto, da Suprema Corte, à qual Maduro pediu para “certificar” o resultado.
O Conselho Nacional Eleitoral (CNE) não publicou os detalhes do resultado da eleição de 28 de julho. O site do conselho não funciona desde então, e o órgão alega que seu sistema foi hackeado. Porém, a invasão foi descartada por especialistas.
A Sala Eleitoral do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) convocou candidatos e representantes dos partidos para apresentar e “responder às perguntas” relacionadas ao caso. González deve comparecer na quarta-feira (7) e Maduro na sexta-feira (9).
“A falta de comparecimento a esta sala acarretará as consequências previstas em nosso ordenamento jurídico vigente”, advertiu a presidente do TSJ, Caryslia Rodríguez.
María Corina e González afirmam ter provas da vitória da oposição, após publicar cópias de mais de 80% das atas de votação. A oposição considera o TSJ um “apêndice” do chavismo.