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Foto: Divulgação
“Foi a campanha mais importante da nossa história, que quebrou um ciclo da campanha tradicional para a moderna”. É assim que o jornalista e escritor Ciro Pedroza, descreve o conteúdo do seu livro “O Triunfo da Esperança: A campanha de 60 em Natal”, que mostra o a dinâmica e os causos das campanhas de Aluízio Alves e Djalma Marinho naquele ano, que modelaram as campanhas eleitorais na forma como são conhecidas hoje. A obra foi lançada com uma tarde de autógrafos nessa segunda-feira (1º), no Temis Balcão Bar, em Natal.
“Fazer campanha sem comunicação é impossível, fazer campanha sem mobilização não funciona. E esse conceito nasce a partir dessa eleição de 1960, que é emblemática. Os profissionais de marketing, os políticos reproduzem os símbolos, o jeito de fazer campanha daquela época, sem saber que essas coisas já foram feitas 64 anos atrás”, explica o autor.
Um dos principais personagens dessa história é o ex-governador Aluízio Alves. “Aluízio era um grande comunicador, sócio de Carlos Lacerda, provou que política se faz com comunicação. É Aluízio que promove esse casamento da comunicação com a política. Desde então, comunicação e política estão casados para sempre”, destaca Ciro.
Em 1960 ocorreram eleições para os cargos do poder executivo a nível nacional, estadual e municipal. Naquele ano, Aluizio rompeu com o governador Dinarte Mariz e se candidatou ao Executivo estadual, enquanto Mariz apoiou Djalma Marinho, iniciando uma polarização entre dinartistas e aluizistas. “Essa eleição foi o divisor de águas. Ali começa a cisão, o lado verde contra o lado vermelho”, explica Pedroza.
A campanha de Aluizio Alves denominada, “cruzada da esperança”, foi a primeira planejada com marketing político e pesquisa de opinião pública, criando para si a imagem de quem rompe com o atraso e com as lideranças conservadoras. Alves ganhou apoio do presidente Juscelino Kubtischek e de dissidentes da Unidade Democrática Nacional (UDN). Rompendo com o modo tradicional de fazer política, ele introduziu simbolismos ao pleito e as campanhas ganharam grande adesão popular. Comícios e passeatas aconteciam num duelo de cores, gestos e símbolos.
Ciro Pedroza foi então buscar entender os bastidores de como tudo isso era planejado. O livro, com 162 páginas, resulta de um projeto de pesquisa que ele elaborou na Escola de Comunicação e Arte da Universidade de São Paulo (USP), com rigorosa pesquisa bibliográfica, análise de documentos e jornais da época e entrevistas reveladoras com personagens importantes.
“Nasceu primeiro da reunião de material. E aí eu fui pesquisar mais intensamente documentos de época, jornais, e complementar tudo isso com depoimentos. A fase seguinte foi contextualizar tudo isso: que eram os anos 60, como era Natal naquela época, e por que Natal era caixa de ressonância que ecoava para o interior”, explica o autor.
Ele percebeu que aquela campanha estabeleceu um novo padrão e intitulou o livro “Triunfo da Esperança” fazendo alusão à palavra-chave daquele pleito. “A campanha de Aluízio já teve a grande sacada de se apropriar dessa expressão (esperança), que virou sinônimo de futuro melhor. Por isso, a campanha mais importante do ponto de vista do marketing contemporâneo começou em Natal”, frisa Pedroza.
Fonte: Tribuna do Norte