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Lira cobra do Governo promessas para garantir sucessão no comando da Câmara

Lula cumprimenta Arthur Lira na Câmara

Foto: Mateus Mello/Poder360

A relação entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em 2024 dependerá de como o Executivo ajudará o deputado a construir a candidatura de seu sucessor no comando da Casa. O congressista também tem interesse em obter o apoio de governistas no processo, o que ampliará suas chances. Em troca, deve ajudar o governo a aprovar projetos, especialmente os econômicos.

O cenário foi traçado pelo próprio deputado em reunião a sós com o chefe do Executivo na 6ª feira de Carnaval (9.fev.2024). Foi o 1º encontro dos 2 neste ano. Na conversa, Lira disse a Lula que, assim como o presidente ou qualquer outro político com mandato no Executivo, não abrirá mão de construir uma candidatura viável para sucedê-lo no comando da Câmara. A eleição será em fevereiro de 2025.

Lira tem mencionado em conversas reservadas o caso do ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (que era do DEM e atualmente está no PSDB). Tido como um dos chefes mais poderosos da Casa, Maia perdeu influência em seu último ano no cargo e não conseguiu eleger seu sucessor em 2021. Apoiou o deputado Baleia Rossi (SP), presidente do MDB, que perdeu o pleito para Lira.

Na conversa com Lula, o presidente da Câmara disse ser importante que o Executivo cumpra acordos e libere as emendas apresentadas por congressistas para manter as boas relações entre Planalto e Legislativo. Há uma pressa conjuntural: os deputados precisam que os recursos sejam repassados aos municípios até 3 meses antes das eleições municipais, marcadas para 6 de outubro. Depois, a legislação eleitoral proíbe o repasse.

Lira tem sido constantemente cobrado por colegas sobre a demora no empenho ou pagamento de emendas já acertadas com o governo. A pressão incomoda o deputado, que teme perder apoio no processo de sua sucessão no comando da Casa.

Até a 3ª feira (20.fev), o Executivo havia empenhado (reservado) apenas R$ 17 milhões em emendas em 2024, de acordo com informações do Siga Brasil. Desde janeiro, foram pagos R$ 176 milhões. O valor inclui restos a pagar – emendas apresentadas em anos anteriores, mas pagas somente em 2024. O volume é considerado baixo, mas há promessas do governo de que mais emendas serão liberadas em breve.

Lira manifestou publicamente sua insatisfação na abertura dos trabalhos do Congresso, em 5 de fevereiro. Na ocasião, criticou duramente a articulação política do governo, de responsabilidade do ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais). E o tratou com frieza.

A conversa reservada com Lula foi marcada, inicialmente, para que ambos pudessem aparar as arestas. No encontro, o presidente sugeriu o ministro da Casa Civil, Rui Costa, como interlocutor de Lira junto ao governo, em vez de Padilha.

Desde o ano passado, Lira tem apoiado o deputado Elmar Nascimento (União Brasil-BA) para o cargo. O nome do presidente do Republicanos, o deputado Marcos Pereira (SP), porém, ganhou força no início deste ano. O deputado Antônio Brito (PSD-BA) também é um dos pré-candidatos. Foi alçado à disputa pelo presidente do seu partido, Gilberto Kassab. O líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL), também está no páreo, por ora.

O próprio grupo tem discutido a viabilidade dos nomes. Há um acordo tácito: o nome que tiver mais apoio no final deste ano, entre Elmar e Pereira, será o candidato de Lira. O presidente do Republicanos é considerado mais palatável a Lula e visto com menos desconfiança pelo Planalto.

Fonte: Poder 360

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