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Decisão de Eduardo Paes em recorrer à PF no caso de extorsão de milícias tem motivação eleitoral

Foto: Pablo Jacob e Fábio Rossi/Ag. O Globo

 

A decisão do prefeito Eduardo Paes de recorrer à Polícia Federal em lugar de pedir ajuda ao governo do estado no caso das obras do Parque Piedade é interpretada por adversários e também por alguns aliados, de forma mais reservada, como uma antecipação da disputa pela Prefeitura do Rio.

Paes (PSD), que é pré-candidato à reeleição, terá como um dos adversários o deputado federal Alexandre Ramagem (PL), que terá apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro e do governador Cláudio Castro, do mesmo partido. Delegado da Polícia Federal e ex-chefe da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Ramagem terá a Segurança como uma das bandeiras para tentar derrotar o atual prefeito.

As atribuições da Guarda Municipal na segurança são limitadas. Mas a preocupação da equipe de Paes é que o eleitor, traumatizado pela violência, não saiba fazer essa distinção.

Ao pedir ajuda à União, Paes sinaliza que o eleitor não poderia confiar na polícia estadual. O raciocínio seria o seguinte: mesmo Ramagem sendo da área, ele é ligado ao governador, justamente o responsável pela atual política de Segurança no estado.

— O prefeito sabe que temos um candidato forte e que ele tem problemas de gestão nessa área. O ordenamento público, que é uma de suas principais atribuições, deixa a desejar — diz o vereador Rogério Amorim (PL). — E, recentemente, uma das maiores aliadas dele, a deputada Lucinha (PSD), foi associada a milicianos na Zona Oeste. Esse gesto (de pedir ajuda à PF) foi uma forma de desviar a atenção.

No Palácio Guanabara, houve alguma surpresa com a postura do prefeito, mas pessoas próximas a Castro dizem que o governador não ficou irritado por entender que o ato de Paes faria parte do xadrez dessa fase pré-eleitoral.

Câmeras e demolições

Procurado, o prefeito não se manifestou. Um dos maiores aliados de Paes, o deputado federal Pedro Paulo (PSD), por sua vez, nega que o prefeito tenha procurado diretamente o Ministério da Justiça por questões políticas ou devido à eleição. Ele considera natural que Paes busque um interlocutor na União, que tem demonstrado empenho no combate à milícia e ao tráfico no Rio. Pedro Paulo lembrou que o próprio estado já discutiu parcerias com o governo federal nessa área:

— A prefeitura já cumpre sua parte na segurança. Nos últimos anos, investiu em milhares de câmeras de monitoramento e tem feito operações de ordenamento urbano. Ao atuar demolindo construções irregulares, isso atingiu financeiramente o tráfico e a milícia.

 

Fonte: O Globo

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